Postado por
Eilan
Eu, como todos sabem, abri meu blog recentemente.
Tal iniciativa deixou minha psicóloga e minha psiquiatra muito empolgadas, pois
foi um caminho, uma rota de luz que eu encontrei para tentar lidar com minhas
descobertas e sofrimentos causados pelo TPB. Resolvi falar sobre isso ao
constatar o efeito positivo que escrever me trouxe e compartilhar os ganhos
deste ato, para borderlines, bipolares, TDAHs, depressivos,
"normais", enfim, para todos que precisam.
Escrevendo sua rotina
Se você acha que um blog é se expor demais, porque
não escrever um diário? As vezes muitas coisas acontecem no nosso dia-a-dia,
mas nosso costumeiro vazio não nos deixa enxerga-las. Talvez, escrevendo e
relendo o que se passou em sua semana, você vai perceber tudo que se passou e
talvez conseguir analisar melhor, caso tenha sido algo ruim, suas reações e
consequências delas.
Escrever sobre nosso sentimentos também nos faz
liberar, nem que seja pro papel ou pra tela de um computador, tudo aquilo que
guardamos por acharmos que ninguém nos entende. Já conversei com alguns borders
que tem a mesma aflição: não ser compreendido. Muitas vezes não somos mesmo,
porém escrever talvez seja uma forma de colocar pra fora aquilo que ninguém
mais pode saber. Lendo depois, podemos constatar que: melhoramos ou pioramos,
mas baseados em fatos podemos lidar melhor com isso.
Memória de Elefante?
Pois é, não temos uma memória que registre todos os
pormenores de nosso cotidiano. Um detalhe pode passar desapercebido ao
desabafar na terapia ou quando analisamos algum sofrimento. Ao escrever
diariamente, não perdemos nenhum ponto, sabemos bem a ordem cronológica dos
fatos e isso com certeza ajuda. eu, por exemplo, cheguei a conclusão que minha
gastrite nervosa (que resultou num semi-internamento) foi causada por fatos que
ocorreram durante a semana (como a leitura daquele email fatídico do meu ex,
que resultou em uma crise). Isso pensando no que escrevi aqui.
Quando registramos algo por escrito também nos ajuda
a memorizar. Quem nunca estudou para uma prova refazendo anotações?
Contando um conto.
Escreva crônicas. Eu mesma recorri a este recurso
quando não queria falar abertamente "então eu peguei a gilete, me cortei,
vi o sangue caindo e fiquei bem feliz.". Usei de uma linguagem lúdica na
qual contava a mesma coisa, porém com palavras mais elaboradas. Passei a idéia
e ainda exercitei a redação.
Mantendo contato
Achamos que somos únicos no mundo. Ao enxergar nosso
reflexo com olhos de border, tendemos a nos rotular de loucos, afinal, quem
sofre desse jeito? Quem se corta assim? Muita gente. E é o que estou aprendendo
cada vez mais com a vivência do blog. Ainda por cima consigo ajudar algumas
pessoas. Então, entre num grupo, numa comunidade do Facebook, escreva e-mail,
escreva pra mim, relacione-se, que vais descobrir pelo menos que existem muitos
mais iguais a ti. Isso alivia. Ou não somos afinal, ETs, ou há uma porção de
homenzinhos verdes por aí.